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Criar um negócio online pode parecer complexo e demorado, já que existem vários aspetos a ter em conta e é normal surgirem dúvidas sobre por onde começar. Este artigo explora alguns dos passos essenciais que deves ter em conta antes de criares a loja online.

1. Ideia de negócio e público-alvo

Definir o público-alvo da marca

Ter uma ideia de negócio é o primeiro passo para teres uma visão clara do que queres e poderes começar a criar a loja online na direção certa.

Apostar numa invenção ou tirar proveito de uma aptidão? Todas as opções são válidas. Não existe um critério definido para a escolha do tipo de negócio, mas é essencial que seja uma ideia clara, concisa e exequível.

Neste primeiro passo importante na criação de uma loja online, deixamos algumas opções de pontos de partida que podes considerar:

  • Interesses: apostar em algo que gostes e que te seja próximo;
  • Hobbies: transformar um passatempo num negócio que dê lucro;
  • Competências: utilizar aptidões e know-how adquirido;
  • Grupos de consumidores: explorar públicos-alvo de nicho que podem corresponder a boas ideias de negócio;
  • Região e cultura: investir em produtos característicos e conhecidos de determinada região ou cultura.

A ideia da tua loja online vai ser decisiva, pois é o ponto de partida para a sua estruturação e desenvolvimento adequado. Nesse sentido, a pesquisa e análise da concorrência e público-alvo são fundamentais nesta primeira fase.

Público-alvo

Quando falamos sobre o público-alvo, é importante abordar a buyer persona e como esta análise é essencial na criação de um negócio online.

Por buyer persona entende-se a análise e criação detalhada do cliente ideal. Normalmente, a criação deste cliente ideal inclui informações demográficas, características, preferências e comportamentos.

É importante que a criação do perfil de clientes seja o mais rigoroso possível, já que tem impacto na estratégia de marketing, posicionamento e comunicação a longo prazo.

Definir o público-alvo e buyer personas pode ser complexo mas traz vantagens:

  • Maior conhecimento de quem pode comprar os teus produtos;
  • Melhor compreensão de como o teu negócio se diferencia da concorrência e como responde às necessidades de potenciais clientes;
  • Melhor investimento em estratégias de comunicação e marketing;
  • Comunicação mais adequada;
  • Permite uma relação mais próxima com os clientes;

A definição do público-alvo requer pesquisa, recolha de dados e análise para que seja o mais adequado para o teu negócio. Não deves deixar este passo para segundo plano, pois uma análise completa do público-alvo e buyer persona é algo que vai ajudar a longo prazo.

2. Produtos e fornecedores

Tenho uma ideia de negócio e agora? Primeiramente, um dos passos seguintes mais importantes é avaliar o que pretendes comercializar e de que forma o vais disponibilizar: através de produção própria ou pela aquisição de produtos a fornecedores.

Produção própria

Se o teu negócio requer a produção de artigos, pode ser necessário comprar materiais ou serviços que te ajudem a criar o produto final.

Neste caso, é igualmente importante considerar os custos de produção que vais ter e o valor de venda dos produtos aos teus clientes.

Produtos de fornecedores

Em muitos casos, a produção própria não é uma opção viável ou possível, por isso a solução passa pela compra de produtos a fornecedores ou marcas. Atualmente comercializa-se um pouco de tudo, pelo que existem várias opções no mercado que podem ser adequadas para o teu negócio.

Quer optes pela produção própria ou recorrer a fornecedores, nesta fase, a pesquisa e teres várias opções para comparares custos, processos operacionais e de logística, entre outros são fundamentais.

3. Plano de negócios

Criar um plano de negócios

Ainda numa fase inicial, o plano de negócios desempenha um papel essencial: permite ter uma ideia mais clara e concisa sobre diversos aspetos do negócio e ponderar sobre o que é necessário ajustar ou mudar.

O plano de negócios é também importante para obter potenciais investidores e empréstimos, caso seja necessário.

Em que consiste o plano de negócios?

Trata-se de um documento com uma estrutura base definida que deve apresentar várias informações e dados sobre o negócio que estás a criar.

Segundo a IAPMEI – Agência para a Competitividade e Inovação, I.P., agência pública cujo objetivo é ajudar micro, pequenas e médias empresas, um plano de negócios é “um plano base, essencial para a estruturação e defesa de uma nova ideia de negócios. Deve ser um plano que se foque nas linhas essenciais do projeto, que defina a alocação dos vários tipos de recursos, que esteja concebido para concretizar a ideia que se pretende implementar e para solucionar os problemas que inevitavelmente aparecerão.”

Como criar um plano de negócios?

A criação do plano de negócios exige a elaboração de um documento bastante completo. A IAPMEI indica a seguinte estrutura base:

  1. Sumário executivo;
  2. O histórico da companhia e/ou dos promotores;
  3. O mercado subjacente;
  4. A nova ideia e o seu posicionamento no mercado;
  5. O Projeto/ Produto/ Ideia
  6. Estratégia comercial;
  7. Gestão e controlo do negócio;
  8. Investimento necessário;
  9. Projeções Financeiras / Modelo Financeiro.

Para cada um dos tópicos é necessário ter dados e informações detalhadas, de forma a que o plano de negócios esteja o mais completo possível. Podes saber mais sobre este documento no guia fornecido pela IAPMEI.

O plano de negócios é um documento elaborado que pode criar algumas dúvidas, por isso existem profissionais e entidades especializadas neste tema a que podes e deves recorrer para esclarecer qualquer questão que tenhas.

4. Criar a marca

Criar uma marca

Parte de qualquer negócio é a sua identidade visual e marca, sendo que ambos estes aspetos são os principais elementos na sua identificação e reconhecimento por parte dos clientes.

Nesse sentido, criar uma marca não significa apenas definir um nome, existem vários outros elementos importantes como o branding, packaging, domínio próprio e aparência da loja online.

Branding e packaging

O branding (identidade visual da marca) e o packaging (embalagem em português) estão interligados, na medida em que ambos fazem parte da identidade visual da marca e devem ser criados com um propósito e coerência entre todos os seus elementos.

Existem serviços gratuitos como o Canva que te permitem criar vários designs para a tua loja online. Por outro lado, podes optar por recorrer a profissionais como designers gráficos que podem ajudar-te a traduzir a essência do teu negócio numa identidade visual profissional e perceptível.

Numa loja online, que vive de vendas, o packaging desempenha um papel fundamental na relação com os clientes e na experiência de compra, por isso é um elemento que pode diferenciar-te da concorrência. Quer seja com uma vertente mais sustentável, personalizada ou irreverente, o mais importante é que seja uma representação da tua loja online e da sua identidade.

Domínio próprio

Tão importante como a identidade visual é a identificação digital que pode ser conseguida em parte pelo domínio próprio. Este corresponde ao endereço da tua loja online que facilita a identificação e relação digital com o teu negócio. Por esse motivo, a escolha do domínio próprio certo é bastante importante.

Essencialmente, deves escolher um domínio próprio que identifique a tua loja online, seja curto, de fácil e rápida compreensão e com a extensão adequada (ex: .pt, .com ou .net).

Sem ideias para o domínio próprio? Consulta 5 dicas para escolher o domínio perfeito.

5. Questões legais e fiscais

Esclarecer dúvidas legais com profissionais

Se estás a pensar criar uma loja online não podes esquecer os aspetos legais e fiscais, alguns obrigatórios, que são um dos pilares para que o negócio possa funcionar em conformidade com as leis. Destacamos três elementos:

Abrir atividade nas Finanças

Para poderes vender legalmente é obrigatório ter atividade aberta nas Finanças. Apesar de parecer um procedimento complexo e confuso, consiste no preenchimento da Declaração de Início de Atividade, na qual tens de dar o máximo de informações sobre o negócio que queres criar. Podes fazê-lo online ou numa repartição das Finanças.

Podes consultar o nosso guia passo a passo para abrir atividade nas Finanças e ePortugal para obteres informações mais detalhadas que te podem ajudar a concluir este passo fundamental antes de começares a vender.

Registar a marca

O registo de uma marca não é obrigatório, mas é a melhor forma legal de evitar usos indevidos por terceiros e de conseguir os direitos sobre a mesma.

Ter a marca registada traz algumas vantagens como: maior confiança para com o teu negócio, garante que não existe outro negócio com a mesma designação e ajuda a combater a contrafacção.

É possível registar várias marcas em Portugal pelo INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial) a qualquer momento. O processo pode demorar alguns meses, já que exige uma avaliação ao pedido, a sua aprovação e comunicação.

Registar uma marca oferece maior proteção ao teu negócio, o que pode tornar-se num investimento a longo prazo.

Conteúdos legais

Numa loja online há conteúdos legais obrigatórios que não devem ser esquecidos e que devem estar não só visíveis como acessíveis para qualquer visitante, tais como:

  • Termos e Condições;
  • Política de Privacidade;
  • Livro de Reclamações;
  • Política de Devolução;
  • Livre resolução de contrato;
  • Resolução alternativa de litígios.

Cada um destes conteúdos representa diferentes aspetos legais que enquadram a loja online e que devem ser adequados às especificidades do negócio. A Política de Devolução, por exemplo, é uma das páginas mais importantes, já que as encomendas e possíveis devoluções são a essência de uma loja online.

Não basta ter estes conteúdos na loja online, é igualmente importante que sejam adequados do ponto de vista legal e das informações que dás. Dedicar tempo a estes conteúdos pode ser uma mais valia, pois pode evitar coimas e infrações.

Por onde começar? Questões legais geram algumas dúvidas, pelo que uma boa forma de iniciares este passo é contactar profissionais e entidades especialistas nestes temas. Um/a advogado/a ou entidades como a ASAE, por exemplo, podem acompanhar e ajudar-te neste tipo de questões para que o teu negócio esteja em conformidade com a legislação e para que todas as partes envolvidas estejam protegidas.

Além da possibilidade e dever de recorreres a profissionais, podes utilizar as minutas que disponibilizamos como base para criar estes conteúdos legais. Estes documentos são exemplos do que podes analisar e adaptar para o teu negócio.

Quero criar a minha loja online, por onde devo começar? Antes de dares os primeiros passos na criação de um negócio online, importa referir que cada negócio é único. Tudo começa com uma ideia, conhecer o teu público-alvo e perceber como disponibilizar o que vais comercializar. Nesse sentido, ter as bases necessárias e não descuidar procedimentos é fundamental para o sucesso do teu negócio.